quinta-feira, 8 de setembro de 2011

"Amor" - Khalil Gibran



Amor

"Quando o amor vos chamar, segui-o,

Embora seus caminhos sejam agrestes e escarpados.

E quando ele vos envolver em suas asas, cedei-lhe,

Embora a espada oculta na sua plumagem possa feri-vos.

E quando vos falar, acreditai nele,

Embora a sua voz possa despedaçar vossos sonhos

como o vento devasta o jardim.

Pois, da mesma forma que o amor vos coroa, assim

ele vos crucifica. E da mesma forma que contribui para

vosso crescimento, trabalha para vossa poda.

E da mesma forma que alcança vossa altura e acaricia

vossos ramos mais tenros que se embalam ao sol,

Assim também desce até vossas raízes e as sacode no

seu apego à terra.

Como feixes de trigo, ele vos aperta junto ao seu coração.

Ele vos debulha para expor a vossa nudez.

Ele vos peneira para libertai-vos das palhas.

Ele vos mói até a extrema brancura.

Ele vos amassa até que vos torneis maleáveis.

Então, ele vos leva ao fogo sagrado e vos transforma

no pão místico do banquete divino.

Todas essas coisas, o amor operará em vós para que

conheçais os segredos de vosso corações e, com esse

conhecimento, vos convertais no pão místico do banquete divino.

Todavia, se no vosso temor, procurardes somente a paz do amor e o gozo do amor,

Então seria melhor para vós que cobrisséis vossa nudez

e abandonasséis a eira do amor,

Para entrar num mundo sem estações, onde rireis, mas

não todos os vossos risos, e chorareis, mas não todas as

vossas lágrimas.

O amor nada dá senão de si próprio e nada recebe senão

de si próprio.

O amor não possui, nem se deixa possuir.

Pois o amor basta-se a si mesmo.

Quando um de vós ama, que não diga : " Deus está no

meu coração", mas que diga antes: "Eu estou no coração de Deus."

E não imagineis que possais dirigir o curso do amor

pois o amor, se vos achar dignos, determinará ele próprio

o vosso curso.

O amor não tem outro desejo senão o de atingir

a sua plenitude.

Se, contudo, amardes e precisardes ter desejos, sejam

estes os vossos desejos.

De vos diluirdes no amor e serdes como um riacho

que canta sua melodia para a noite.

De conhecerdes a dor de sentir ternura demasiada

De ficardes feridos por vossa própria compreensão do amor

E de sangrardes de boa vontade e com alegria.

De acordades na aurora com o coração alado e agradecerdes por um novo dia

de amor.

De descansardes ao meio-dia e meditardes sobre o

êxtase do amor.

De voltardes para a casa à noite com gratidão.

E de adormecerdes com uma prece no coração para o

bem-amado, e nos lábios uma canção de bem-aventurança." - Khalil Gibran

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