sábado, 21 de maio de 2011

A Formação da Identidade.




"Quem sou eu?" Essa talvez seja uma das perguntas que mais fazemos no decorrer da nossa vida, e provavelmente vamos continuar fazendo até a velhice. A identidade é uma estrutura definida (constitutiva), que esta diretamente relacionada com nossa história de vida desde a concepção.

A genética e o ambiente são os aspectos mais importantes dessa formação, apesar que acredito que o ambiente é o que mais vai ter influência nesse processo, até porque um indivíduo por exemplo, pode ter predisposição para o alcoolismo genéticamente e não ser um alcoolatra, tudo vai depender de suas escolhas e como ele lida com as situações.

No livro "A estória do Severino e a história da Severina", Ciampa discute a identidade de uma maneira criativa e inteligente, fazendo entender através da estória de Severino e história da Severina, que a identidade está em constante mutação, em uma metamorfose permanente.

Ciampa ressalta a idéia de que, para que esta se construa, é preciso que haja uma relação entre a pessoa consigo mesma, com o outro e com o mundo que a rodeia. O caminho que cada pessoa vai trilhar e como vai se dar essa transformação, é diferente para cada um, o que nos torna únicos e imprevisíveis.

Vou colocar aqui alguns trechos do livro que ilustra bem alguns conceitos que Ciampa e a Psicologia Social demonstram através de seus estudos:

"(...) cada indivíduo reconhece no outro um ser humano e é assim reconhecido por ele - sozinhos certamente não podemos ver reconhecida nossa humanidade, conseqüentemente não nos reconhecemos como humanos. Ter uma identidade humana é ser identificado e identificar-se como humano. (...) A identidade se concretiza na atividade social. (...) A realidade começa a ser interpretada de forma muito diferente. O discurso se modifica e novos significados começam a emergir. (...) Como animal simbólico, o bicho-humano sente carência de sentindo, de significado - e de pertencer a um grupo que dê suporte e encarne esse significado. (...) Dar sentido a seu futuro e, retrospectivamente, a seu passado, reinterpretá-lo. Com isso seu presente também pode adquirir sentido. (...)É o depoimento de quem tem consciência de ser uma metamorfose. (...)Identidade é metamorfose. E metamorfose é vida."

Não dá para colocar tudo que gostei do livro aqui (se não teria que escrever o livro todo! rs) mas com alguns trechos foi possível ter consciência da visão que traz o autor e a Psicologia Social.

Em relação a identidade também li um texto bem legal do Freud (pois é, achava que ele era meio "tan tan" da cabeça, mas tem muitas coisas legais que ele escreve também rs), o texto se intitula "Recordar, Repetir e Elaborar". Freud cita sobre a capacidade que temos de esquecer de situações, que embora importante para nosso amadurecimento, ficam no inconsciente impedindo que reflitamos e fazendo com que nossas ações, emoções e pensamentos sejam os mesmos, independente de vivenciar outra fase com outras pessoas.

Um exemplo disso, é quando um homem ou mulher, casa-se ou namora três vezes com pessoas diferentes e o relacionamento tem sempre as mesmas características e dificuldade que os outros antigos também possuiam. Esse exemplo pode servir não só para relacionamento, mas para trabalho, amizade, vida. Será que o problema está nos outros, ou é nós que deveríamos reavaliar nossa trajetória, procurando identificar o que realmente está acontecendo? Fazendo isso talvez possamos nos transformar e tranformar nossas vidas e nossa identidade, que embora pareça estática é na verdade fléxivel e mutável.

Para finalizar um trecho da obra de Freud:


"(...) O paciente tem que criar coragem para dirigir a atenção para os fenômenos de sua moléstia. Sua enfermidade em si não mais deve parecer-lhe desprezível, mas sim tornar-se um inimigo digno de sua têmpera, um fragmento de sua personalidade, que possui sólido fundamento para existir e da qual coisas de valor para sua vida futura têm de ser inferidas. Não como um acontecimento do passado, mas como uma força atual."



Referências:


CIAMPA, Antonio da Costa. A estória do Severino e a história da Severina - Um ensaio de Psicologia Social.

FREUD, Sigmund. Recordar, Repetir e Elaborar (Novas recomendações sobre a técnica da Psicanálise II) (1914). Disponível em: http://pt.scribd.com/doc/7229887/RECORDAR-Repetir-e-Elaborar Acesso em: 2 mai 2011.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A Felicidade na Análise do Comportamento.




Já havia criado o blog há algum tempo, mas tinha tanta coisa na minha cabeça, que não sabia nem por onde começar, até perceber que o que importa É COMEÇAR! rs

O texto a seguir é referente a uma palestra que assisti dia 09/05, que me chamou atenção não só sobre o assunto em si mas pela reflexão que traz. Lembrando que alguns podem concordar com a visão do texto outros não, mas gostaria de compartilhar com vocês do mesmo jeito! Então vamos lá!



Desde a Grécia antiga, filósofos consideraram a felicidade como bem maior e a principal motivação para a ação humana. A Psicologia Positiva surge para cobrir estudos utilizando as mais diversas nomeações: felicidade, satisfação, estado de espírito e afeto positivo. De forma ampla, pode-se dizer que o tema foca como as pessoas avaliam suas vidas.


Na Análise do Comportamento a felicidade é uma experiência subjetiva de bem-estar, tendo como característica uma reação com o ambiente interno e externo do indivíduo. É subjetiva pois tudo aquilo que acontece no ambiente, só a própria pessoa tem acesso e vivencia, portanto o conceito de felicidade diz respeito à particularidade de cada um. A cognição proporcionou ao ser humano a capacidade de analisar, comparar e aprender em determinadas situações, assim a felicidade é um fenômeno de uma história evolutiva.


O ser humano produz dois tipos de comportamentos: Querer x Ter vontade. O comportamento do "Querer" está relacionado com o sentimento e a satisfação real do indivíduo, já o de "Ter vontade" está associado a um prazer imediato, emoção, uma resposta mais visceral e por tais aspectos tem duração de curto prazo. Na vida o ser humano sempre está em conflito entre esses dois comportamentos: fazer o que se tem vontade no agora, ou abdicar da vontade pois esta poderia prejudicar nosso verdadeiro querer?!

Um exemplo desse conflito é no caso de um estudante. O verdadeiro querer dele é ir bem na prova, mas para isso, ele precisa estudar. Sua vontade no momento é sair, dormir, assistir TV. Suponhamos que no caso, ele tenha optado por fazer o que se tem vontade, sacia-se o prazer imediato, só que no dia da prova ele vai mal, e automaticamente sente frustração e insatisfação. Lembramos aqui, que não é a ação de fazer o que tem vontade que causou a frustração, e sim a circunstância e conseqüência que tal ação gerou.


Nessa situação, entram em cena os valores. Não os morais, mas os valores de vida e sobre si mesmo. É na insatisfação do querer que é desenvolvido os sentimentos de culpa, baixa auto-estima e em alguns casos podendo chegar até a depressão. A sociedade muitas vezes utiliza dessa busca eterna para vender a felicidade, dando a falsa idéia de que é possível ter prazer constante, evitando assim a dor. O que causa a psicopatologia é a tentativa de se livrar da tristeza, pois quanto mais se evita a mesma, mais predorminante ela fica, e mais frustração causa exatamente por não conseguir livrar-se dela.


Concluindo, a felicidade eterna não existe. Na vida temos momentos de alegria e momentos que temos que nos deparar e vivenciar situações que não gostaríamos, até porque somos seres sociáveis e para viver é preciso saber se adaptar. A felicidade consiste em viver a vida do jeito que você quer a partir de seus valores. Se você só faz o que tem vontade, você é escravo da vontade. Só é realmente livre aquele que consegue ter autonomia sobre seus comportamentos.


Referências:



Palestra: Contribuições recente da Psicologia Positiva e da Análise do Comportamento para o estudo da felicidade.


GIACOMONI, Claudia Hoftheinz. Bem-estar subjetivo: em busca da qualidade de vida. Disponível em http://www.sbponline.org.br/revista2/vol12n1/art04_t.pdf Acesso: 16 mai 2011.